'Banco Imobiliário' ganha cartão de débito para vencer produtos chineses

Estrela lança nova versão do produto, com máquina de cartão eletrônico.
Contra concorrência da China, empresa usa importações e tecnologia.

http://viihteen.files.wordpress.com/2010/01/011302866-ex00.jpg A compra e venda de terrenos, hotéis e outras propriedades fictícias pode ser paga a partir de agora no cartão de débito: o tradicional Banco Imobiliário, da Estrela, que teve mais de 33 milhões de unidades vendidas em 66 anos de mercado, trocou as cédulas verdes de papel pelos meios eletrônicos de pagamento. O Super Banco Imobiliário, apresentado nesta quinta-feira (15) pela fabricante no auditório do Museu de Arte Moderna, em São Paulo, tem até maquininha para operar os cartões, idealizada pela própria Mastercard para ficar parecida com as de verdade.

 


Além do pagamento no cartão, os jogadores deixam de comprar as antigas empresas anônimas de navegação, aviação e ferroviária à venda no jogo original para adquirir ações de mentirinha da  Vivo, Itaú, MasterCard, Nívea e Ipiranga, parceiras que na vida real contribuíram financeiramente para subsidiar o investimento tecnológico necessário para criar o brinquedo.

Banco imobiliário
Nós usamos um modelo de máquina real para fazer o molde da maquininha de brinquedo"
Cristina Paslar, diretora da Master Card
“Agregamos tecnologia ao jogo para ambientar a criança com situações do dia-a-dia dela. Hoje quando ela sai com seus pais o que ela vê são os cartões de crédito e débito”, diz Carlos Tilkian, presidente da Estrela.
A estimativa do executivo é de que sejam vendidas 120 mil unidades do brinquedo em 2010, impulsionando crescimento de 15% no faturamento da empresa.

"A gente usou um modelo de máquina real para fazer o molde da maquininha de brinquedo. Só que de maneira mais simplificada, para a criança", diz Cristina Paslar, diretora de marketing da MasterCard, que diz que o jogo é uma oportunidade da marca se comunicar com consumidores diferentes do seu alvo costumeiro, que são jovens acima de 18 anos.

A Estrela investiu R$ 3 milhões e buscou parcerias para lançar a nova versão do jogo, que chega às prateleiras esta semana pelo preço médio de R$ 129. "Fomos conversar com a MasterCard para dar à maquininha um cunho mais próximo da realidade. Chamamos também outras empresas que têm público infanto-juvenil como alvo para que suas 'ações' pudessem ser compradas pelas crianças", diz Tilkian.

A reedição do antigo produto, um dos 280 lançados pela Estrela este ano, faz parte da estratégia adotada nos últimos anos pela fabricante para combater a forte concorrência dos produtos chineses. Também estão entre os relançamentos de 2010 da companhia as linhas Ferrorama e as bonecas Chuquinha, sucesso nos anos 80.
O Banco Imobiliário com cédulas de papel, no entanto, continuará à venda, segundo a Estrela.

Novas empresas, mesmos endereços
Apesar das mudanças, o brinquedo mantém características da versão anterior: endereços famosos de São Paulo e Rio como a Avenida Vieira Souto e a Rua Oscar Freire continuam à venda no tabuleiro.

As regras básicas do jogo também continuam parecidas: os competidores começam o jogo com um crédito de R$ 14 mil, que vai variando conforme as compras de imóveis e companhias são debitadas e creditadas no cartão. Quando um jogador tem que pagar o outro, os dois cartões passam pela máquina. Um para ter o valor debitado e o outro para receber seus créditos.

Embate e parceria com a China
Para Tilkian, da Estrela, investir em diferencial tecnológico é um dos principais recursos da empresa para vencer a concorrência dos produtos chineses, mais baratos e importados em larga escala no Brasil e em outros países que costumavam ser clientes fiéis da fabricante.

Eu posso importar até 90% do meu faturamento que eu ainda sobrevivo. O problema é que assim eu mato muitos empregos.
Carlos Tilkian, presidente da Estrela
A empresa passou nos últimos três anos a comprar ela própria produtos e componentes da China para baratear o custo de produção de seus produtos e recuperar competitividade. Em 2009, 45% do faturamento da empresa veio dos importados da China, segundo o presidente da Estrela, que atribui a dificuldade do setor de briquedos à política econômica de altos tributos e câmbio.

"As empresas vão sempre sobreviver; eu posso importar até 90% do meu faturamento que eu ainda sobrevivo. O problema é que assim eu mato muitos empregos. Eu, como brasileiro, queria importar 3%, mas depende de mudança do modelo econômico brasileiro", afirma ele, que diz que a projeção "ideal", mas sem perspectiva de realização, seria a de importar o equivalente a  10% de seu faturamento.

O impacto chinês se reflete também nas vendas externas: as exportações da empresa caíram de 15% para 2% do faturamento da empresa nos últimos anos."Não dá mais para exportar para a Europa e EUA; agora esse percentual vai só para a América Latina", diz o presidente da empresa.

"Eu não posso aumentar o preço para o consumidor só porque a gente gosta de ter fábricas", lamenta o executivo, que prevê inaugurar a terceira unidade fabril da Estrela em setembro, em Sergipe.

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